August 5, 2010

Eu não quero Parabéns!

Eu só não quero que cantem, que comemorem, que sorriam por mim. Vocês poderão repetir mais de um bilhão de vezes que é o meu aniversário, que é um dia para se comemorar, mas eu não vou escutar porque desde o ano de 2009 essa data ficou completamente vazia, oca e sem vida para mim. A única coisa que ela significa agora é a dor de viver mais um ano sem ela, especificamente, um ano e trinta dias sem a sua companhia. Um dia triste.
A única lembrança que me vêm à cabeça é aquela que mais me fere: Dia 06 de Julho de 2009, acordei com um pressentimento de que algo ruim vai acontecer. Escuto um sussurro dos meus pais: "Ela está no hospital...". O dia nublado, o sussurro, o pressentimento, tudo me angustiava. Tomo café e meu pai me chama para visitá-la no hospital. Vou. Chegando lá, a encontro deitada numa cama tomando soro. Ela estava completamente lúcida. Lembrava de todas as datas das cirurgias que fizera anteriormente, demonstrava a todos que aquele não era o dia, mas eu tinha comigo que era, sim, o dia. Acho que que ela sabia que eu sabia. De vez em quando, me observava com os olhos marejados d'água e aquilo me corroia por dentro. Eu tinha de ficar calada ou então todos reinvindicariam alegando que eu estaria sendo pessimista demais. O que me corroia ainda mais, pois não era pessimismo e sim realismo. Fiquei quieta, calada, apenas observando o que se passava naquele quarto de hospital. Ela tinha de ir de avião para a capital. O meu pai e uma enfermeira foram com ela. Antes dela entrar no táxi aéreo, fui me despedir e eu juro a todos vocês que ia dizer "até logo" mas dos meus lábios só saíram um doloroso "tchau". Ela olhou novamente para mim, agora chorando, e eu não pude conter o choro. Como estava de férias fui com a minha mãe para o escritório dela. Chorei, chorei e chorei até não poder mais e, já sem fé, fiz uma oração à santo Expedito. Talvez o meu deslize tenha sido a falta de fé. Depois de passar a manhã chorando, voltei para casa e à tarde o telefone toca, minha mãe atende, chora, desliga e me abraça aos prantos. Não precisava dizer absolutamente nada, eu já sabia: a minha avó faleceu.
Portanto, não me venha com cantorias e comemorações. A única coisa que peço é que, por favor, respeitem a minha dor.14022009145

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