August 21, 2010

Especialíssimo dom de me prender

Soltastes da amarra os meus cabelos longos para que tua mão gelada fosse esquentada pelos mesmos enquanto massageavas minha nuca. E me falas com euforia que cortastes amizades falsas, até cita alguns nomes e sem demora minha pessoa -com essa capacidade inabordável de emendas- acrescenta mais um à tua lista infundada de moralidades.
Aviso-te logo que ainda prejudicada serei se não parar com a frequência inconcussa de te mimar com minhas carências. Inculpo-te, portanto, das carências, mas não, obviamente, dos mimos. E perante o meu aviso tu apenas sorris, com esse teu sorriso ladino. Tu bem sabes que ele -intrépido, ensolarado e íntegro- está assumindo o topo dos meus sorrisos prediletos.
Já que quase um antropófago tu és -a tua antropofagia da minha carne, da minha- e que quase me convida a ser também -da tua- resta-me felicitar-me apenas em saber que saborosa eu sou na tua boca e tu és na minha. Felicito-me também em saber que tu és uma das únicas pessoas que não se importa com a minha frieza sempre crescente, talvez tu nem percebestes ainda, ingenuidade sua em ter-me como fervorosa e não fria. Eu te gosto por isso, rapaz. Só te gosto, sim, e só. E te gosto ainda mais por saber que tu te contentas com o meu simples gostar, coisa que outros não fariam, mas tu fazes com maestria que de tão titubeante chega a ser perfeita.

August 5, 2010

Eu não quero Parabéns!

Eu só não quero que cantem, que comemorem, que sorriam por mim. Vocês poderão repetir mais de um bilhão de vezes que é o meu aniversário, que é um dia para se comemorar, mas eu não vou escutar porque desde o ano de 2009 essa data ficou completamente vazia, oca e sem vida para mim. A única coisa que ela significa agora é a dor de viver mais um ano sem ela, especificamente, um ano e trinta dias sem a sua companhia. Um dia triste.
A única lembrança que me vêm à cabeça é aquela que mais me fere: Dia 06 de Julho de 2009, acordei com um pressentimento de que algo ruim vai acontecer. Escuto um sussurro dos meus pais: "Ela está no hospital...". O dia nublado, o sussurro, o pressentimento, tudo me angustiava. Tomo café e meu pai me chama para visitá-la no hospital. Vou. Chegando lá, a encontro deitada numa cama tomando soro. Ela estava completamente lúcida. Lembrava de todas as datas das cirurgias que fizera anteriormente, demonstrava a todos que aquele não era o dia, mas eu tinha comigo que era, sim, o dia. Acho que que ela sabia que eu sabia. De vez em quando, me observava com os olhos marejados d'água e aquilo me corroia por dentro. Eu tinha de ficar calada ou então todos reinvindicariam alegando que eu estaria sendo pessimista demais. O que me corroia ainda mais, pois não era pessimismo e sim realismo. Fiquei quieta, calada, apenas observando o que se passava naquele quarto de hospital. Ela tinha de ir de avião para a capital. O meu pai e uma enfermeira foram com ela. Antes dela entrar no táxi aéreo, fui me despedir e eu juro a todos vocês que ia dizer "até logo" mas dos meus lábios só saíram um doloroso "tchau". Ela olhou novamente para mim, agora chorando, e eu não pude conter o choro. Como estava de férias fui com a minha mãe para o escritório dela. Chorei, chorei e chorei até não poder mais e, já sem fé, fiz uma oração à santo Expedito. Talvez o meu deslize tenha sido a falta de fé. Depois de passar a manhã chorando, voltei para casa e à tarde o telefone toca, minha mãe atende, chora, desliga e me abraça aos prantos. Não precisava dizer absolutamente nada, eu já sabia: a minha avó faleceu.
Portanto, não me venha com cantorias e comemorações. A única coisa que peço é que, por favor, respeitem a minha dor.14022009145

August 1, 2010

Eterna princesinha do papai


Ela estava triste. Sim, e muito triste mesmo. acontece que por dois dias ela realmente pensou que teria sido despromovida. Sorte! Durou apena dois dias, mas foram dois dias tristes. Dois dias em que estinguiram-se sorrisos e o brilho luminoso do olhar daquela garota, sempre sorridente e feliz, já não existia. Tornou-se um olhar morto, sem direção e opaco.
Mas a felicidade veio. Ela sempre vêm, mas dessa vez resolveu apressar-se. E sem pressa ficou, fica e ficará ainda por muito tempo. E resgatou aos lábios daquela garota o sorriso feliz e o brilho nos olhos, embora o melhor de tudo foi saber que a verdadeira princesinha do papai nunca perde o trono.
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